21.1.11

As equipas de topo apostam cada vez mais em australianos

Com a globalização mundial que se assiste por estes anos, ocorrem algumas transformações em várias áreas importantes da vida de uma sociedade. O desporto, em geral e o ciclismo, em particular, também não são excepção. E essa globalização, também é fomentada pelos lideres das organizações mundiais do ciclismo. Um desses exemplos é a quantidade de ciclistas que correm nas equipas de topo, além das nações tradicionais do ciclismo. A Austrália é um desses casos. Se até à 20 anos atrás, praticamente não existiam ciclistas australianos a correr em equipas profissionais de topo, agora são muitos os exemplos de ciclistas oriundos da Austrália de elevada capacidade em várias especialidades e alguns com elevado mediatismo e preponderância nas equipas onde se encontram. Existiam poucas equipas australianas, que corriam nas provas nacionais e, este ano já tiveram uma equipa australiana que concorreu ao ProTour mas que não conseguiu obter licença devido a falta de garantias para o efeito. Ainda assim, não esmorece a intenção duma outra equipa australiana tentar obter essa mesma licença para o ProTour no próximo ano, em que o lider dessa equipa seria Shayne Bannan, o mentor e obreiro do aumento de qualidade do ciclismo australiano nestes últimos anos. Foi com os seus programas de alto rendimento e os ensinamentos dados a vários treinadores que permitiu à Austrália ser uma potência emergente no ciclismo. A maior parte destes ciclistas tiveram a sua formação na pista e, por isso, não admira que a maior parte dos presentes nas melhores equipas sejam "sprinters" ou especialistas no contra-relógio.
Desde 1987 até ao ano passado, assistimos a um crescimento exponencial do ciclismo australiano, seja em termos quantitativos, seja em termos qualitativos. Em 1986, Shane Bannan entra para a federação australiana para que o ciclismo australiano desse o passo em frente, no que toca á quantidade e qualidade dos ciclistas que apresentavam. Nestes 24 anos, podemos dividir, em duas fases, a evolução dos números do ciclismo australiano. A primeira fase decorre a partir de 1987 até 1994, em que se verifica um período de crescimento em termos de atletas até 1990, seguido de uma redução drástica até 1994, ano em que se verifica a existência de menos atletas em equipas profissionais, ao todo 12 atletas. De 1995 em diante assiste-se a um crescimento do ciclismo australiano, de forma exponencial, tanto no número de atletas como no número de equipas. Apesar de em 1998, 1999, 2000 e 2001 não ter existido qualquer equipa com licença australiana, a lista de ciclistas australianas foi aumentando, já que várias equipas foram contratando ciclistas australianos e mediante a qualidade demonstrada por esses atletas, mais ciclistas acabaram por ser contratados para as principais equipas estrangeiras. 2003 e 2007 foram os anos com o maior numero de atletas no estrangeiro, sendo que os resultados alcançados pelos emigrantes fizeram com que existisse uma maior aposta interna no ciclismo e, por isso, em 2006, a Austrália contou com 4 equipas australianas, entre as quais, a patrocinada pelo Instituto de Desporto australiano, liderada por Shayne Bannan. Verificou-se um crescimento substancial entre 2005 e 2006, fruto deste investimento interno efectuado pelas empresas australianas que ajudou ao crescimento no número de atletas e ao crescimento evidenciado entre 2007 e 2008, já que foi neste último ano que se estabeleceu o recorde em número de atletas australianos em equipas profissionais com 142 atletas, tal como em 2009. Neste último ano verificou-se um decréscimo no número de atletas devido, sobretudo, à crise que está a afectar vários países e que não permite um investimento tão expansivo em atletas estrangeiros, já que preferem apostar na "prata da casa". Além disso, existe uma retração no número de equipas australianas e, também, se deve a esse factor o abaixamento de ciclistas.
O ponto mais importante desta mesma análise é o número cada vez maior de ciclistas australianos que compõem o elenco das principais equipas do ciclismo australiano. Há 15 anos atrás, eram 6 os ciclistas australianos que marcavam presença nas equipas de topo e tinham pouca expressão em termos de resultados. Ao longo dos anos, o número de ciclistas foi aumentando, assim como os resultados desses mesmos atletas também foram chamando à atenção da qualidade evidenciada, assumindo dentro das equipas, uma maior preponderância. Apesar de 1997 ter sido o ano com menos australianos na 1ª divisão, com 5 atletas, nos anos seguintes verificou-se uma subida, até que em 2001, o número de atletas duplicou o que se tinha verificado no ano anterior (2000), com 14 atletas, fasquia até então nunca alcançada. Os anos seguintes mostraram que o ciclismo australiano estava numa fase de expansão e em 2007 já são 24 atletas que estão em equipas do ProTour. Apesar de ter existido uma quebra em 2008 e 2009, nunca houve tantos atletas da Austrália como no ano passado. Ao todo, 25 atletas. Não só representa um atestado de qualidade ao trabalho efectuado, mas deve-se sobretudo, ao maior número de licenças atribuidas a equipas americanas, um dos principais refúgios para os ciclistas australianos.
Por último, deixo-vos um quadro com a percentagem de atletas australianos que estão no estrangeiro e que representam as equipas da 1ª divisão, ou seja, as principais equipas do ciclismo e os ciclistas que representam equipas profissionais mas que estão em divisões mais inferiores. São mais os atletas que representam equipas da 1ª divisão ou do ProTour, do que nas restantes divisões. Além disso, verifica-se uma tendência cada vez maior na contratação de jovens ciclistas australianos, que tem larga margem de progressão e, por isso, poderão ser garantia de resultados. Muitos deles começam a evidenciar-se na pista e com as vitórias obtidas conseguem alcançar o mediatismo necessário para chamar à atenção das principais equipas mundiais.

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