16.3.11

Há uma Espanha diferente nas clássicas* depois de Freire


Verona, 1999. Um campeonato do mundo com um percurso duro mas deu para que o título mundial se discutisse ao "sprint" num grupo restrito de ciclistas. Entre os quais, o desconhecido Oscar Freire, da selecção espanhola que corria na Vitalicios Seguros, consegue levar a melhor sobre todos os ciclistas que constituiam esse mesmo grupo e levar a camisola arco-íris para "nuestros hermanos". E tendo sido esse ou não o "click" que faltava, é certo que desde então os espanhóis têm conseguido outro tipo de resultados nas corridas de um dia, o que não acontecia de forma tão recorrente até então. Senão vejamos a seguinte tabela:

Como se vê, existe um acréscimo de vitórias depois de Oscar Freire se tornar campeão mundial, em 1999. Isto não significa, directamente, que foi este facto a causa porque existirão outras mais concretas, como a aquisição de espanhóis por parte das equipas mais fortes do pelotão mundial. Neste caso, houve espanhóis com caracteristicas para vingar nesse tipo de corrida que emigraram, como o próprio Oscar Freire (Mapei e Rabobank), Igor Astarloa (Mercatone Uno e Saeco) e Juan Antonio Flecha (Fassa Bortolo, Rabobank e Sky) para dar um exemplo. E estou a referir isto antes de existir o ProTour porque depois disso, algumas equipas espanholas foram obrigadas a correr em clássicas que até então não iriam participar. E obviamente que existem ciclistas que evoluem e que assumem caracteristicas para este tipo de prova.

Como só a partir de 2005 é que começou o ProTour, acredito no efeito "Freire-campeão mundial" para que os espanhóis e as respectivas equipas olhassem de forma diferente para este tipo de prova. Senão vejamos outro exemplo. Existiram 7 vitórias em clássicas até Freire ser vencedor em Verona nos campeonatos mundiais. Mas uma das clássicas analisadas é a Clássica San Sebastian que é percorrida em Espanha e, por isso, os espanhóis venceram por 5 vezes até 1999. Por isso, as únicas vitórias conseguidas em clássicas fora de Espanha foram de Miguel Poblet, em 1957 e em 1959, na Milão-São Remo. Nos últimos 11 anos, houve 18 vitórias, um número assinalável, no qual, Oscar Freire assume importância porque conseguiu vencer por 6 ocasiões: venceu a Milão-São Remo em três ocasiões (2004.2007,2010), Hew Cyclassics Hamburg (2006), Gent-Wevelgem (2008) e Paris-Tours (2010).

Um outro dado interessante está relacionado com os resultados obtidos pelos espanhóis, no que toca às presenças inéditas no pódio das clássicas mais importantes após a primeira vitória de Freire em campeonatos do Mundo. Até então, espanhóis subiram 29 vezes ao pódio em 6 clássicas, na maioria das vezes na Clássica San Sebastian. A partir do ano de 2000, assistimos a espanhóis no pódio de clássicas do norte, por exemplo, onde até então não tinham qualquer resultado de relevo. Tour de Flandres, Liege-Bastogne-Liege, Gent-Wevelgem, Amstel Gold Race, Hew/Vattenfall Cyclassics, GP Plouay e Paris-Tours são as clássicas em que não havia qualquer espanhol no pódio antes de 2000.

Sem comentários:

Enviar um comentário